Poema do Imortalista
Alziro Zarur
Dois de novembro é um dia, na verdade,
Rico em lições para quem sabe ver:
A maior ilusão é a realidade,
Já ensinava o excelente Paul Gibier
Os vivos (pseudovivos) levam flores
E lágrimas aos mortos (pseudomortos);
E os mortos se comovem ante as dores
Dos vivos a trilhar caminhos tortos.
Legítimos defuntos, na ignorância
Desses espirituais, magnos assuntos,
Parece que ainda estão em plena infância,
E vão homenagear falsos defuntos.
Não é preciso ser muito sagaz
Para sentir que a vida tem seus portos:
Um dia, o Cristo disse a um bom rapaz
"Que os mortos enterrassem os seus mortos".
Amigos, por favor, não suponhais
Que a morte seja o fim de nossa vida;
A vida continua, não jungida
Aos círculos das rotas celestiais.
Os mortos não estão aí, cativos
Nos túmulos que tendes entre vós:
Os finados, agora, são os vivos;
Finados, mais ou menos, somos nós.
(Esse poema faz parte da produção literária de Alziro Zarur, reunida por Paiva Netto em "O Livro de Deus - A Saga de Alziro Zarur)
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