quinta-feira, 28 de abril de 2011

O diário de uma perda




Nessa quinta-feira fui ao enterro do esposo de uma amiga muito querida. Nos meus 24 anos, é o segundo que presencio. O primeiro foi há alguns meses, em um contexo um pouco diferente, pois se tratava de alguém mais próximo, com quem compartilhei bons momentos, segredos e alguns sonhos e planos. Mas, apesar de diferente, a ocasião me fez reviver algumas sensações e refletir sobre alguns pontos:

* PRIMEIRO: Nunca achamos que vai acontecer conosco.
Mas... acontece! E é só a partir daí é que a gente realmente passa a se sensibilizar com a dor do outro.

* SEGUNDO: Mesmo que não tenhamos passado por uma experiência parecida, é preciso se colocar no lugar do outro.
Como jornalista, nunca gostei da busca por sinistros. Também não concordo com sensacionalismos baixos, exploração da dor, do horror, qualquer tipo de desrespeito à pessoa, e sempre achei estranho tratarem mortos como números frios ou insistirem em entrevistar famílias ou pessoas que que perderam entes. Mas essa minha aversão à espetacularização da notícia ficou ainda mais intensa depois que me vi na situação. Minha primeira perda foi noticiada em todos os jornais, pois se tratava da queda de um avião de pequeno porte. Eu simplesmente não tive coragem de ver os noticiários por 1 mês, temendo o que encontraria. E precisei fugir de conhecidos que insistiam em me contar detalhes que souberam, lendo, assistindo ou ouvindo. Já estava doendo demais... eu não precisava de mais isso.

* TERCEIRO: Muitas pessoas não sabem como agir, ou o que dizer a quem perdeu alguém.
Na dúvida, melhor não dizer nada. Eu acho ultrapassado e frio dar "Meus pêsames", "Meu pesar", "Meus sentimentos." Tá sentindo? Abraça e sente junto! Nenhum consolo vai tirar a dor (porque, pqp, dói demais!) e, dependendo do que disser, da ocasião e da forma, vai soar como moralismo desnecessário. Pode ser imperfeição minha, mas por algumas vezes pensei: "Como essa pessoa me diz isso se não sabe o que estou sentindo? Me deixa pelo menos chorar em paz, caramba!" E, se não sentir à vontade para se aproximar, penso ser mais bonito ficar de longe mesmo, em prece, pendindo pelos que foram e pelos que ficaram. O importante é não fazer nada forçado. Se não vem de dentro, só vai trazer desconforto a você e aos que o cercam.

* QUARTO: Bom senso!
Por incrível que pareça, o desconfiômetro está em falta no mercado. Está certo que ninguém precisa se debater em prantos e se desesesperoar para se solidarizar com quem está sofrendo, mas, em um momento como esse, ficar rindo? Falando alto? Comentando a roupa que vestiu ou vai vestir na festa X? Sou jovem, mente aberta, mas, cá entre nós, quase me senti ofendida quando passei por isso.

* QUINTO: Por que sentimos tanta vontade de tomar banho e trocar logo de roupa quando voltamos de um velório ou enterro?
Fiquei pensando nisso hoje, pois nem na minha cachorrinha eu queria tocar. Não tenho certeza, mas, matutando, cheguei à conclusão de que nos sentimos sujos porque as energias de tristeza ficam impregnadas em nós. A reação inconsciente, então, é nos livrarmos delas logo. Engraçado que não lembro de ter essa sensação quando o enterro foi da pessoa com quem eu estava emocionalmente muito envolvida. Talvez porque aquela vibração triste continuaria comigo, independente de quantos banhos eu tomasse, talvez porque fosse uma maneira de mantê-la de alguma forma perto de mim, não sei...

* SEXTO: Os amigos... ah... esses seguram a onda mais violenta.
Nas horas difíceis é que percebemos quanta diferença faz cultivarmos amizades sinceras. Aos que ficam, é consolador sentir que quem foi era muito querido. E, nesse momento de dor, só um abraço sincero, carinhoso e sentido para nos dar o colo que precisamos. Alguém que não vá nos dizer para não sofrer, mas que dirá que estamos juntos no amor que sentimos, na dor pela separação que vivenciamos, e que, também juntos, vamos sair dessa.

* SÉTIMO: A música faz milagres.
Sou suspeita para falar de música, mas posso afirmar que quando nenhuma palavra é capaz de chegar ao nosso coração, ela vem sutilmente e nos toca. Tem o poder de nos agitar ou anestesiar nossas fibras mais sensíveis. E, quando elevada, transporta-nos a dimensões onde o sofrimento não nos atinge. Por isso, em momentos difíceis, é sempre bem-vinda.

* OITAVO: Crença na vida eterna
Crer que a morte não é o fim de tudo é um grande consolo. Saber que ligações baseadas em amor sincero permanecem independente dos laços físicos nos dá força para seguirmos em frente e desperta em nós a doce esperança do reencontro. Não sei o que seria de mim, nem da minha amiga que perdeu o esposo, se não acreditassemos que há um algo mais além desta vida tão efêmera. Aliás, é mais do que crença, eu sinto que há uma Consciência Maior gerindo todos nós, em uma teia de acontecimentos que nada têm de ocasionais. Tudo tem um porquê, com experiências matematicamente planejadas de forma a impulsionar nosso crescimento. Ou seja, nada é por acaso e o fim não é o fim.

* NONO: É preciso amar, amar e fazer o bem, enquanto há tempo.
O bem que fizemos é o único tesouro que levamos conosco para a "nova vida" e maior conforto e exemplo que podemos deixar aos que nos amam. Nada paga o bom orgulho em poder dizer: "Vou sentir muita saudade, sim, mas porque essa pessoa me fez feliz. E vou tratar de cumprir minha missão também, para merecer um dia o reencontro, pois sinto que ela cumpriu a sua com dignidade". Certa vez recebi uma canção que dizia assim "Quanto tempo você tem? Quanto tempo você tem? Será que você sabe quanto dura a vida? Isso não dá pra dizer, ninguém saberá. Quanto tempo você tem? Tem que aproveitar o dom, pra fazer o bem! Quanto tempo você tem?" Disse tudo, neh?

* DÉCIMO: Prece
Faça uma prece de coração para ver se a dor não alivia?! Quando parece que está tudo perdido, nada tem solução ou que não vamos dar conta, eis que esse pequeno ato é capaz de modificar nossas vidas e fazer de um ser frágil a fortaleza em pessoa. Como dizia Alziro Zarur, "Nenhum sofrimento é vão, nenhuma lágrima se perde. A vida humana é apenas uma preparação para a verdadeira Vida. Não há um pranto sequer que Deus não veja. E quem não chora a sua lágrima secreta? O Pai Celestial guarda-as para toda a Eeternidade". Em momentos difíceis, a receita então é juntar amigos sinceros, música elevada e uma prece sentida.


Chegamos ao final de mais um texto de mim, por mim, para quem tiver disposição para ler. Um tema um pouco pesado, bem o sei, mas, o que não é pesado nesta vida? Eu precisava. Reflexões de minh'alma que podem não passar de balelas, cabe a você o julgamento. Independente do resultado, obrigada pela paciência.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Semana Santa - Jesus vive!!!

Certa feita, em uma enquete com jornalistas dos principais órgãos de imprensa norte-americanos no início da década de 1990, foi apresentada a seguinte pergunta: "Qual a manchete que mais lhes agradaria publicar?".

A esmagadora maioria escolheu a seguinte notícia:
- "Jesus voltou!"

Notadamente, a posição daqueles profissionais reflete toda a expectativa de uma civilização. O retorno de Jesus à Terra, fato prometido por Ele mesmo em Seu Evangelho, será tão impactante e renovador quanto a Sua Primeira Vinda.

(Trecho extraído do editorial da Revista Jesus Está Chegando, edição 109, p.22.)

Ao ler esse editorial me perguntei: o que faríamos se a manchete nos jornais de amanhã realmente fosse "Jesus voltou!"? O que aconteceria no mundo? E conosco? O que sentiríamos? Vergonha? Esperança?

Penso que, melhor do que nos fixarmos hoje a uma triste crucificação ocorrida há mais de 2 milênios, que serviu senão para elevar Jesus a um patamar ainda mais alto diante dos homens e dos Anjos, seria nos esforçarmos para reviver a cada dia os ensinamentos deixados por Aquele que, como gosta de destacar o jornalista José de Paiva Netto, foi o maior filósofo, político, pedagogo, economista, comunicador e religioso de todos os tempos.

Jesus voltou uma vez, por que não pode voltar de novo?! E, se isso acontecer hoje, amanhã ou daqui anos, como ele vai nos encontrar?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mudando o foco








Por Sabrina Damasceno



Quando penso que já sei tudo
Me dou conta de que não sei nada
Se eu acho que entendo muito
A prova mostra que muito falta

Uma coisa estou aprendendo...
É preciso mudar o foco

Se o mundo parece frio e cruel
Olho no entorno e vejo mais belezas do que fel
Se os desafios me tiram do sério
A inspiração sutil diz que está tudo certo

Uma coisa estou aprendendo...
É preciso mudar o foco

Ao lamentar a boneca que não tem nariz
Por não ser perfeita em meus padrões de criança
A vida ensina a lição que me condiz
E perco o brinquedo que alegrava minha infância

Uma coisa estou aprendendo...
É preciso mudar o foco

Quem sou eu para julgar o coração do outro
Se nem o meu eu decifrei?
Quem sou eu para desrespeitar o momento alheio
Se fui eu quem descobriu lá atrás que nada sei?

Uma coisa estou aprendendo...
É preciso mudar o foco

E ao mudar o foco
Vejo que nem tudo são flores
Mas que também há muitas cores
Esperando por meu olhar
No fim, nem terei visto tudo
Mas quero ter bem-visto tudo que vi
Aparentemente, fotografias do exterior
Mas no fundo, na realidade,
nada além de reflexos de minh'alma