domingo, 2 de dezembro de 2007

Como pode?

Hoje, domingo, aconteceu mais um "encontro de família"...
Sempre surgem os famosos"causos". Entretanto, um deles me surpreendeu. Infelizmente de forma negativa... Era sobre meu priminho de 6 anos.

Como muitas crianças de hoje, ele sempre surpreende os adultos. Não raro coloca alguém em saia justa com alguma lição de moral ou uma resposta incrível.

Outro dia, por exemplo, meu tio, para testá-lo, começou a dizer que a casa de seu avô (em reforma) estava ficando mais bonita que a deles e que, por isso, começava a achar que onde moravam era um local feio. "Cuidado pai, existe uma 'lenda' que diz que as pessoas não devem reclamar do que têm. Devem agradecer.", respondeu meu priminho.

Ontem ele foi a uma festa e adivinhem... passou todo o tempo a recolher as tampinhas que alguns imprevidentes jogavam no jardim. Como faltavam lixeiras, começou a recolher também os palitos de churrasco para não sujar o meio ambiente e a juntá-los perto do chafariz, até que os demais convidados começaram a fazer o mesmo.

Eu passaria toda a noite escrevendo casos assim (acho uma gracinha!), mas o que me indignou foi constatar que o que eu considero diferencial, tem se tornado um defeito na escolinha onde meu primo estuda.

Ele sabe de coisas e já desenvolveu habilidades que ainda estão sendo adiquiridas por seus coleguinhas (até mesmos por crianças bem mais velhas), como fazer contas de cabeça, brincar com a matemática, entreter-se com os livros didáticos da sua mãe e discutir com uma amiga enfermeira sobre glóbulos brancos, vermelhos e anticorpos. Começou a se destacar entre os amiguinhos e, não sei se por isso, sua mãe tem sido chamada frequentemente pela professora e recebido algumas reclamações nesse sentido. Eu simplesmente não entendo.

A última aconteceu porque ao ouvir na sala de aula uma historinha que falava sobre rio, meu primo tomou a palavra e começou a falar coisas como a forma com que as pessoas estão poluindo os rios, desmatando as florestas e com isso, acabando com muitas vidas. Passou, então, a contar sobre o rio poluído que tem perto da casa dele, de como era antigamente e o que as pessoas têm feito. Os coleguinhas quiseram saber mais e a professora não pôde continuar enquanto meu primo não terminou. "Ele praticamente está dando aula no meu lugar.", colocou a professora.
Acho que quem assume a importante missão de educar, deve ficar atento com o que pensa, diz e faz. Se o futuro está nas mãos das crianças, quem tem contato direto com eles pode contribuir muito. Eu, particulamente, acho que os mestres devem sempre incentivar e desenvolver os talentos de seus pupilos. Mas muitos, às vezes sem perceber, fazem o contrário.

Aproveito para agradecer todos os professores que, de alguma forma, fizeram diferença na minha vida. Que, onde estiverem, recebam meu carinho e minha gratidão...

Despeço-me com as palavras do escritor e historiador americano Henry B. Adams: "Um professor influi para a eternidade; nunca se pode dizer até onde vai a sua influência."

Nenhum comentário: